terça-feira, 5 de agosto de 2008

Amor Universal Segregado

"O amor é eterno - a sua manifestação pode modificar-se, mas nunca a sua essência..." (Vincent Van Gogh)

O sentimento “amor”, descrito nos mais antigos poemas românticos, espelho de todo clã primitivo, símbolo de bem querer nas mais remotas civilizações, todo esse sentimento supremo, disposto de acordo com sua categoria, é contradito quando conhecido como inteiro e universal, mas não por sua complexidade.

Ele é composto, proveniente de muitas facetas; em cada modo de relacionamento humano encontra-se uma classificação, e com a natural separação dos entes, abstratos ou não, um derivado.

Suas "caras" podem ser observadas nas muitas situações da vida, quando se trata a respeito do sentimento nutrido pelos ascendentes, descendentes e colaterais de uma família, entre amigos ou aos que são mais que amigos (namorados, casados, etc.), aos altruístas, enfim, qualquer pessoa que valoriza o próximo, com o cuidado de quem analisa a si mesmo.

Mas, todo esse grande aliado da bondade humana subsiste da mesma maneira em todos os seres pensantes? E ele se comporta de modo íntegro, ou segregado de acordo com a classe que representa?



Errônea é a idéia de que sua representação na forma absoluta seja realmente assim, tendo em mira a contradição que forma ao confrontar a sua própria visão fracionada. Se assim fosse, ter-se-ia que encontrar uma explicação plausível de algo que concomitantemente se encontra absoluto e relativo.

De duas opções opostas, deve-se chegar a uma conclusão plausível, que não se configura em uma facilidade, para tanto, porém, há os argumentos em ambos os lados da questão.

A começar pelo “Amor Universal”, este é de certo modo utópico, afinal não há nada nesse mundo que seja totalmente verdadeiro, uno e, incorrendo na redundância, absoluto. Aquela categoria seria então um ponto a justificar o sentimento unânime nutrido por todos os componentes dessa grande máquina de fazer vidas.

Em contrapartida, o “amor segregado”, aquele que possui várias índoles, de acordo com a classe que representa (como o amor parental, fraternal ou dos apaixonados, ou Ágape, Filos e Eros), aparece forçado a pertencer a sua categoria de destino, preso na casta imutável.

Será justo, então, reunir todos os amores em um só? Ou separá-los, para que sejam dirigidos às respectivas jurisdições?

À proporção das idéias de cada amor discorrido, chega-se a uma aproximação tangente: o amor é uno, igual em toda a Terra, mas assim como a energia, possui inúmeras vertentes, ou seja, é relativo ao seu caminho.

O amor emanado pelos pais aos filhos, e vice-versa, ou entre irmãos e amigos, possui as mesmas características, mas são diferentes na essência, na origem, variando na intensidade com que se manifesta. O mesmo não se pode falar do amor de um casal, já que esse, por ser misturado à paixão, configura-se impuro, não podendo, aí, ser considerado eterno, principalmente ao se analisar os fatos concretos, quando uma desavença entre os componentes do par faz desaparecer e acabar com o sentimento de outrora. Neste caso, ocorrerá uma transformação de categoria, podendo continuar sendo amor, porém em outra classe; poderá, também, transformar-se em sentimentos unidos (e contraposto) a ele, como o chamado “ódio”.

A verdade é que o amor está literalmente no ar, todo mundo sente, mesmo inconscientemente; alguns conseguem reunir energia suficiente para acumular cargas de amor, e transmiti-las aos outros. Quando não se tem interesse em passá-las adiante, está-se diante do fenômeno do desprezo, que anula qualquer intenção de criar pontes e dar continuidade à atividade fundamental de manutenção dessa condição essencial às relações humanas.

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